Sono e a saúde de atletas amadores de TrailRunning na pandemia de COVID-19
Palavras-chave:
Corredores, Sono, Sintomas Respiratórios, PandemiaResumo
Objetivou-se identificar as características do sono e os sintomas respiratórios de corredores de trilhas e montanhas de endurance e ultraendurance durante a pandemia da COVID-19. Estudo observacional e transversal, com 43 atletas de trail running, sendo 16 sujeitos alocados no grupo de ultraendurance (GUE) e 27 no grupo de endurance (UE). Para avaliação do sono foi aplicado o Índice de Qualidade de Sono de Pittsburg (PSQI), Escala de Sonolência Epworth (ESE), Índice de Gravidade de insônia (ISI) e Questionário de Matutinidade e Vespertinidade de Horne e Ostberg (MEQ). Também foram aplicados o Questionário de Sintomas Respiratórios de Wisconsin (WURSS-21) e o questionário de Análise Diária das Demandas de Vida em Atletas (DALDA). A comparação entre os grupos foi feita pelo modelo linear geral ou pelo teste qui-quadrado (χ2). A significância foi adotada quando p < 0,05. Em ambos os grupos a maior parte da amostra foi constituída por pessoas com características cronobiológicas matutinas (n=36; 83,7%). Observou-se que o GE (5.79 ± 5.51) apresentavam maiores scores no ISI que o GUE (3.18 ± 4.13; p<0,04), bem como no PSQI (4.67 ± 0.50 vs 3.56 ± 0.65; p<0,05, respectivamente). O GE também apresentou maiores sintomas de garganta raspando no WURSS-21 que o GUE (1.35 ± 0.97 vs 1.19 ± 0.54, p<0,05), maiores percepções de resfriado (1.26 ± 0.81 vs 1.00 ± 0.00; p<0,05) que interferiam mais na capacidade de prática de exercícios (1.37 ± 0.92 vs 1,00 ± 0,00; p<0,05). O GE apresentou que aspectos recreacionais contribuíram com mais frequência como fonte de estresse que o GUE (n=5; 11,63% vs n=1; 2,33%, p<0,05). Conclui-se que possivelmente a pandemia do COVID-19 impactou mais na redução da carga de treinamento no GUE, reduzindo os sintomas respiratórios. Isso pode sugerir uma recuperação mais apropriada do sistema imunológico impactando a melhora do sono desses sujeitos, enquanto o GE pode manter a distribuição da carga de treinamento mais próxima à condição pré-pandêmica.
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