Alterações neuropsicológicas causadas pelo uso crônico da Cocaína
DOI:
https://doi.org/10.47385/cmedunifoa.644.2.2015Palavras-chave:
Cocaína, alterações neuropsicológicas, dependênciaResumo
Introdução: A cocaína é uma substância psicoativa de origem vegetal, podendo ser consumida por diversas vias: oral, intravenosa e respiratória (crack), sendo essa última a que ocasiona os maiores prejuízos ao organismo. Atua no sistema de recompensa cerebral (brain reward system), através do bloqueio na recaptação de neurotransmissores como a noradrenalina, dopamina e serotonina. Acredita-se que, ao bloquear a recaptação da dopamina, por exemplo, a concentração desse neurotransmissor na fenda sináptica (espaço entre os neurônios) seja aumentada, fenômeno que tem como resultado as sensações de euforia e prazer, que são associadas ao uso da droga. É inegável, portanto, que o uso abusivo de cocaína é um problema cada vez maior na sociedade, visto que o consumo da droga gera diversos problemas à economia pública e à saúde, pois eleva a violência e, assim, os gastos do governo, além de desencadear uma série de complicações ao organismo de seus usuários, aumentando os índices de morbidade e mortalidade populacional. Objetivos: O objetivo do presente estudo é realizar uma revisão de literatura sobre algumas das alterações neuropsicológicas ocasionadas pelo uso crônico da cocaína e promover o maior entendimento sobre os mecanismos de ação da droga. Metodologia: Para a realização da revisão de literatura, será feita uma busca na Biblioteca Virtual em Saúde e na base de dados Scielo. Inicialmente, o descritor de assunto escolhido será “cocaína”. Em seguida, a busca deverá ser refinada com os termos “alterações neuropsicológicas” e “dependência”. Discussão: Dentre algumas funções estudadas pela neuropsicologia, torna-se importante ressaltar, principalmente, as funções executivas, as capacidade mnemônica e as funções atencionais. Funções executivas são atividades cognitivas superiores que ajudam a manter um arranjo mental apropriado para alcançar um objetivo futuro, necessitando do desempenho de processos de focalização atencional, inibição, gerenciamento de tarefas, planejamento e monitoramento na execução de um comportamento dirigido a determinados objetivos. Prejuízos na atenção e na flexibilidade mental também são observados nesses sujeitos, o que resulta em problemas na memória de trabalho. Ademais, observam-se dificuldades nos processos mnemônicos, quando a tarefa exigida requer um tempo e uma maior elaboração. Podem apresentar também prejuízos na capacidade não verbal de resolução de problemas, memória espacial, nomeação de objetos e velocidade perceptomotora quando o uso é contínuo por um período de quatro anos ou mais (HOFF et al., 1996). Em relação aos aspectos atencionais, sujeitos dependentes de cocaína comumente revelam um comprometimento na capacidade de reter informações e sustentar a atenção por um período prolongado de tempo, principalmente quando as tarefas exigem uma maior elaboração (ANDRADE; SANTOS; BUENO, 2004). No entanto, Selby e Azrin (1998) também realizaram estudos com pessoas dependentes de cocaína em um período de três anos de abstinência e não foi encontrada nenhuma diferença significativa entre o desempenho dos usuários e do grupo controle, o que sugere que, após um longo período de abstinência, é possível que a atividade neuroquímica se regularize. Conclusão: A cocaína, por ser uma droga psicoestimulante com ação de reforçadora positiva, apresenta altos índices de abuso e dependência. No entanto, estudos mostraram ser possível que a atividade cerebral seja regularizada com longos períodos de abstinência. Para tanto, torna-se necessária às aplicações das melhores estratégias médicas para cada caso específico, mas, principalmente, a adesão e o comprometimento do dependente químico a esses programas de reabilitação.
Referências
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Diagnostic and statistical manual of mental disorders DSM-IV. 4. ed. Washington, D. C.: American Psychiatric Association; 1994.
ANDRADE, V. M.; SANTOS, F. H.; BUENO, O. F. A. Neuropsicologia hoje. São Paulo: Editora Artes Médicas, 2004.
CUNHA, P.J.; NOVAES, M. Avaliação neurocognitiva no abuso e dependência do álcool: Implicações para o tratamento. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 26, s. 1, p. 23-7, 2004.
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