Revisão do Tratamento de Tricomoníase em Gestantes
Qual a Melhor Droga e a Melhor Via de Administração?
DOI:
https://doi.org/10.47385/cmedunifoa.430.5.2018Palavras-chave:
Trichomonas vaginalis, Tricomoníase, GravidezResumo
Tricomoníase é a infecção causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis no trato genital feminino. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) é caracterizada por ser a doença sexualmente transmissível (DST) não-viral mais comum no mundo. Para alguns autores, a vagina, com microbiota equilibrada, é naturalmente resistente as infecções e a implantação do T. vaginalis estaria associada a mudanças no meio vaginal como: modificações da microbiota, diminuição da acidez, diminuição de glicogênio nas células do epitélio e acentuada descamação epitelial. A infecção apresenta uma ampla variedade de manifestações clínicas, desde quadro assintomático até severa vaginite. Nas pacientes sintomáticas, a leucorreia costuma ser bolhosa, mal cheirosa, cinza, amarela ou verde. Ao exame especular o colo pode se apresentar com aspecto “oncoide”, onde as petéquias hemorrágicas do colo são evidenciadas pelo teste de Shiller. Também costumam apresentar disúria, dispareunia, prurido vulvar e dor. A vulva pode estar eritematosa, edemaciada e escoriada. Em gestantes, a resposta inflamatória gerada pela infecção por T. vaginalis pode conduzir direta ou indiretamente a alterações na membrana fetal ou decídua. Estudos relatam a associação entre tricomoníase e a ruptura prematura de membrana, parto prematuro, baixo peso ao nascer, endometrite pós-parto, feto natimorto e morte neonatal. O diagnóstico é feito através da identificação microscópica dos protozoários em citologia a fresco, citologia corada, teste da fita com ph > 4,5 e testes moleculares. O medicamento de escolha é o metronidazol, podendo ser utilizado como alternativa terapêutica outros imidazólicos como tioconazol e secnidazol, todos na dosagem de 2g em dose única. Deve-se lembrar de que parceiros não tratados e falha na terapêutica completa são as principais causas de insucesso no tratamento. O uso de metronidazol 2g em dose única por via oral se mostrou seguro em gestantes e nutrizes, não o contra indicando nessas situações. O uso tópico de metronidazol creme por via vaginal tem posologia de 10 a 20 dias o que reduz a adesão ao tratamento e a eficácia terapêutica, não sendo a melhor escolha para tratar gestantes, tendo em vista que a presença do T. vaginalis é mais deletéria para o concepto, implicando em abortamento e parto prematuro, do que a presença do medicamento em sua corrente sanguínea, já que a literatura não confirma efeitos teratogênicos em humanos relacionados ao seu uso sistêmico durante a gestação.
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